Introdução e objectivos: A seringomielia é uma patologia caracterizada pela cavitação cística da medula espinhal. A maioria está relacionada com a malformação de Chiari tipo I, podendo também estar relacionada com patologia tumoral ou traumática tendo normalmente uma evolução progressiva. O tratamento cirúrgico permite estabilizar ou melhorar os sintomas na maioria dos doentes.

Caso clínico: Doente de 49 anos com história de traumatismo vertebro-medular há 25 anos com múltiplas fracturas dorsais e paraparésia sequelar. Início progressivo de queixas de alteração sensitiva “de novo” a nível do MSE e hemiface esquerda, parestesias e dificuldade na motricidade fina distalmente. Realizou RMN-neuroeixo que revelou extensa cavitação hidro-seringomiélica holomedular com redução da permeabilidade do espaço subaracnoideu peri-medular cervico-dorsal, em secção transversal cavidade extensa com fina espessura medular. Os autores apresentam imagens de exames complementares de diagnóstico assim como fotografias intra-operatórias. Submetido a laminectomia D4 e D5, durotomia, mielotomia mediana e derivação seringo-tecal, pontos de ancoragem à aracnóide de forma a evitar migração do catéter. Pós-operatório favorável, com melhoria progressiva da marcha e melhoria da sensibilidade do hemicorpo esquerdo. RMN-neuroeixo de controlo mostrou redução global da cavidade seringomiélica e aumento do espaço subaracnoideu, demonstrando permeabilidade do shunt colocado.

Discussão: Este caso é exemplificativo da progressão indolente desta patologia assim como de que o tratamento cirúrgico, mesmo em doentes com morbilidade significativa, deve ser o tratamento de eleição permitindo uma boa recuperação dos défices adquiridos.