Introdução: Os ependimomas são os tumores intra-medulares mais comuns em idade adulta, sem prevalência de género e tipicamente com crescimento indolente. O segmento cervical-dorsal é o mais afectado. A forma mais comum de apresentação é o quadro álgico, com ou sem sintomas neurológicos. A exérese total é o tratamento de eleição, devendo ser complementado com radioterapia nos casos em que tal não é possível. A morbilidade cirúrgica permanente é uma realidade não desprezível, variando entre 4,5% e 35,8% em diferentes séries. A ressecção total é o principal predictor de cura, com elevadas taxas de sobrevida livre de doença.

Objectivos: Rever a série cirúrgica dos doentes operados, entre 2003 e 2014, a ependimomas intra-medulares (Eim).

Material e métodos: Foram analisados retrospectivamente todos os relatórios do Serviço de Anatomia Patológica para os doentes com diagnóstico de ependimoma. Dos 38 casos, 16 eram Eim.

Resultados: Do período de estudo, 62,5% pertencem ao sexo masculino, sendo a apresentação mais comum o défice motor focal. O segmento dorsal foi o mais afectado em 69% (11/16). Verificou-se morbilidade cirúrgica em 19% (3/16) dos casos, sendo a alteração de esfíncteres o mais comum. Foi realizada radioterapia adjuvante em 25% (4/16) dos doentes. A melhoria clínica, comparativamente ao pré-operatório, evidenciou-se em cerca 71% (10/14) dos casos. Perdeu-se o seguimento de 2 doentes. A taxa de recorrência foi de 12,5% (2/16).

Conclusões: A remoção cirúrgica, realizada por cirurgiões experientes, é possível na maioria dos ependimomas da medula espinhal, com uma taxa de morbilidade aceitável e recorrência baixa.