Introdução: A história natural das MAVs é ainda precariamente conhecida e a conduta ideal permanece por definir. Pretende-se analisar o outcome dos doentes com MAVs acompanhados no CHLO.

Material e métodos: Estudo observacional retrospectivo dos doentes avaliados no CHLO, entre Janeiro 2000 e Dezembro 2015, para diagnóstico, follow-up e/ou tratamento de MAVs. A informação foi obtida através de: processos clínicos, estudos de imagem, registo nacional de utentes e contato telefónico. Foram usadas as escalas Spetzler-Martin (SM), SM-suplementada (SM-S) e Spetzler-Ponce para classificação das MAVs. O outcome funcional dos doentes foi aferido pela escala modificada de Rankin (mRS), sendo considerado bom outcome: mRS 2. Análise estatística: Prism6v.6.0.

Resultados: Foram avaliados 125 doentes com 126 MAVs, 19,2% das quais associadas a aneurismas de fluxo. O diagnóstico foi, em média, aos 40 anos, existindo uma maior prevalência no sexo masculino (M: 58,4%/F: 40,98%). O tempo médio de follow-up foi de 99,6 meses e mortalidade global foi de 9,6%. As modalidades de tratamento foram: conservador (23,2%), microcirurgia (24%), embolização (21,6%), radiocirurgia (8,8%), embolização e microcirurgia (16%), embolização e radiocirurgia (4,8%), microcirurgia e radiocirurgia (1,6%). 86,9% dos doentes apresentaram um bom outcome na mRS, não existindo, contudo, diferenças com significado estatístico entre grupos de tratamento (p > 0,05). Foi possível aplicar as escalas de classificação das MAVs (em 120), não se encontrando correlação com o outcome funcional ou risco de re-hemorragia (p > 0,05).

Conclusões: Apesar de se tratar de uma patologia cuja orientação terapêutica é difícil e potencialmente deletéria, face à história natural da doença, uma abordagem multidisciplinar permite obter outcomes funcionais similares aos descritos na literatura.