As decisões relativas à orientação terapêutica dos doentes com MAVs baseiam-se na história natural da doença, ainda precariamente conhecida, e na ponderação risco/benefício dos tratamentos por uma equipa multidisciplinar. A embolização pré-operatória é uma estratégia utilizada com o intuito diminuir o risco cirúrgico e facilitar a resseção das MAVs. Os autores pretendem avaliar o impacto da embolização pré-operatória no outcome dos doentes. Estudo observacional retrospectivo dos doentes avaliados no CHLO, entre Janeiro 2000 e Dezembro 2015, com diagnóstico de MAVs que foram submetidos a microcirurgia (MC) ou a embolização seguida de microcirurgia (EMC). Foram comparados: tipos de MAVs nos dois grupos de acordo com a escala de Spetzler-Ponce (SP), taxa de exclusão das MAVs, outcome funcional dos doentes (aferido pela escala modificada de Rankin (mRS), sendo considerado bom outcome: mRS ≤ 2) e taxa de hemorragia após tratamento. Neste período foram tratados 50 doentes por estas técnicas (18 MAVs EMC e 32 MC), com 76% de bom outcome. Não se verificaram diferenças com significado estatístico entre os dois grupos em relação: à idade dos doentes (t-test p = 0,95); ao tipo de MAV (SP) (p = 0,42); à taxa de exclusão das MAVs (t-test p = 0,30) - sendo de 100% no grupo de EMC e 93,3% no grupo MC; à hemorragia pós tratamento (t-test p = 0,19) ou ao outcome funcional (Fisher-test p = 1). Não se verificaram complicações associadas à embolização no grupo EMC. A embolização não pareceu acrescentar morbilidade significativa, contudo também não se observou grande vantagem acrescida. Assim, sugere-se que o seu uso seja criterioso e não indiscriminado.