Objectivos: Rever as principais indicações para biópsias cerebrais em patologia não tumoral no Centro Hospitalar do Porto entre Janeiro de 2004 e Dezembro 2015. Estudar o impacto das biópsias cerebrais no diagnóstico e orientação de doentes com quadros neurológicos rapidamente progressivos ou de etiologia desconhecida.

Material e métodos: Revisão das biópsias realizadas nos últimos 12 anos no Centro Hospitalar do Porto para diagnóstico de doenças neurológicas de etiologia desconhecida, num total de 62 casos.

Resultados: A suspeita de doença inflamatória (24%) ou vasculite do sistema nervoso central (23%) foram as principais indicações para biópsia. O diagnóstico neuropatológico mais comum foi o de linfoma com 8 casos, seguido do astrocitoma, leucoencefalopatia multifocal progressiva e vasculite, todos com 4 casos. Tanto a biópsia com recurso a neuronavegação ou por estereotaxia tiveram eficácias semelhantes, ambas permitindo um diagnóstico em cerca de 70% dos casos. A biópsia aberta levou a diagnóstico em 40% dos casos. Menos de 5% dos doentes tiveram complicações cirúrgicas. Das 62 biópsias, 27% confirmaram a principal hipótese de diagnóstico e 40% levaram a um diagnóstico distinto das hipóteses colocadas; com um total de 42 biópsias conclusivas (67%). De relevo, o resultado neuropatológico alterou a orientação terapêutica de 48 dos 62 doentes.

Conclusões: Este estudo retrospectivo sugere um papel decisivo para a biópsia cerebral no diagnóstico de casos seleccionados de doença neurológica de etiologia desconhecida e releva a importância de uma equipa multidisplinar na abordagem desses doentes.