Objectivos: Avaliação do impacto das diferentes características clínicas, incluindo a topografia e histopatologia tumoral, assim como do grau de remoção, nos resultados pós-operatórios dos tumores raquidianos benignos das bainhas de mielina.

Material y métodos: Estudo retrospectivo dos doentes operados e com seguimento no Centro Hospitalar do Porto entre 2005 e2014 com o diagnóstico neuropatológico de tumores raquiadianos benignos das bainhas de mielina.

Resultados: Em 15 anos, foram efectuadas 21 cirurgias em 20 doentes entre os 31 e os 73 anos. Os schwannomas constituíram 85% da amostra, com 1 caso de schwannoma melanocítico e 3 casos de neurofibroma. Os schwannomas foram mais comuns na coluna lombar (10 casos) e cervical (6 casos). Cinquenta e cinco porcento dos doentes apresentou défice neurológico associado a dor, 30% défice neurológico isolado e 15% apenas dor. Foi efectuada remoção macroscópica total em 67% dos doentes. Destes, em apenas um caso não havia componente tumoral extra-foraminal. A recidiva tumoral foi documentada em 5 casos. A maioria dos doentes (75%) não apresentou agravamento neurológico no pós-operatório. Cerca de metade dos doentes (57%) manteve queixas álgicas no seguimento pós-operatório. Registo de complicações cirúrgicas em 3 doentes.

Conclusões: Na série cirúrgica apresentada a remoção cirúrgica parcial parece estar associada à topografia tumoral, nomeadamente à localização cervical e à extensão extra-canalar. A histopatologia não parece influenciar a topografia tumoral ou o grau de remoção tumoral. Os tumores raquidianos benignos das bainhas de mielina são incomuns e a remoção cirúrgica total deve ser o objectivo primário, com potencial curativo.