Objectivos: Documentar o diagnóstico e a evolução clínica de um caso de infecção do sistema nervoso central por Cryptococcus. Apresentação de um caso clínico com o diagnóstico neuropatológico de criptococoma.

Caso clínico: Doente do sexo masculino, 45 anos, infecção VIH1 com múltiplas doenças oportunistas no passado. Diagnóstico prévio de meningite criptocócica e meningoencefalite por CMV, tratadas e com resolução. Medicado com fluconazol profiláctico. Quadro com 10 meses de evolução, em que a RM cerebral de controlo mostra área de hipersinal em T2 e FLAIR, fronto-temporal direito, com espessamento meníngeo difuso, captante e aos quais se associam inúmeros focos de captação arredondados na profundidade dos sulcos e no parênquima cerebral - sugerindo meningoencefalite infecciosa. Estudo de LCR a esta data era negativo. Realizada biópsia cerebral frontal direita, que permitiu o diagnóstico neuropatológico de múltiplos abcessos por cryptococcus. O estudo imagiológico 20 dias pós-biópsia, mostra lesão de novo nodular frontal, hipodensa e com calcificações periféricas; subjacente à área de craniotomia prévia. Remoção da lesão en bloc, com o estudo neuropatológico a confirmar criptococoma.

Discussão: Os autores apresentam um caso de infecção do sistema nervoso central por cryptococcus documentando mais provavelmente duas fases distintas da infecção: a fase de cerebrite e a fase de criptococoma. Realça a importância do seguimento multidisciplinar nestes doentes e da realização da biópsia cerebral quando a suspeita clínica se mantenha elevada e o estudo de LCR negativos.